Ninguém deveria ter que deixar seu país por estar em risco – muito menos por ser quem é ou amar quem ama. Mas, infelizmente, essa é a realidade de muitas pessoas LGBT+.
Hoje, 20 de junho, é o Dia Mundial da Pessoa Refugiada.
Pra marcar a data, conversamos com duas organizações parceiras da All Out – recentemente apoiadas pelo nosso Fundo de Enfrentamento à Covid-19 – que acolhem e apoiam pessoas refugiadas LGBT+: a IRCA Casabierta, na Costa Rica, e a Casa Miga, aqui no Brasil.
Dennis Castillo
IRCA Casabierta, Costa Rica
O Instituto sobre Refugio LGBTIQ para Centroamérica – mais conhecido como IRCA Casabierta – funciona na Costa Rica desde 2013.
Aqui, recebemos pessoas de El Salvador, Honduras, Venezuela, Cuba e Nicarágua. No total, apoiamos e acolhemos mais de 520 pessoas LGBT+. E atualmente 50 pessoas estão sendo acompanhadas.
Dentre as pessoas LGBT+ que buscam refúgio no país, 60% são diretamente perseguidas por sua orientação sexual ou identidade de gênero. Muitas delas sofrem violência de gangues, extorsão e crimes de ódio. E, em seus países de origem, perderam a confiança nas instituições, já que, em muitos casos, quem denuncia um crime corre o risco de assassinato.
Temos um sistema burocrático para concessão do status de refugiado. As entrevistas demoram muito – são feitas durante um período de dois a três anos – e isso gera ansiedade e incertezas quanto à garantia de proteção internacional.
Além disso, as pessoas refugiadas LGBT+ enfrentam outros desafios por conta da integração em seu novo país. Faltam políticas reais que garantam acesso a emprego, moradia digna e serviços de saúde. Tem também a xenofobia e a rejeição, tanto por serem pessoas refugiadas, quanto por serem LGBT+.
Para lidar com essas dificuldades, prestamos assistência usando o método da "trilogia para o desenvolvimento". São 3 eixos: saúde, emprego e educação. Para avançar com esses eixos temos um serviço de acompanhamento que inclui orientação e informação, assessoria jurídica, apoio psicossocial e subsídio alimentar.
É possível apoiar a IRCA Casabierta doando pelo site.
Emilio Félix
Casa Miga, Brasil
A Casa Miga, em Manaus, é administrada pela organização Manifesta LGBT+ e funciona desde 2018 como um espaço de acolhimento para pessoas LGBT+ que tiveram seus vínculos familiares rompidos, estão em situação de rua e/ou em vulnerabilidade social.
Acolhemos até 18 pessoas por vez, tanto brasileiras, quanto refugiadas e imigrantes. E somos a primeira casa de acolhimento LGBT+ do norte do Brasil.
A maior parte das pessoas refugiadas deixam seus países por causa do contexto político e social. Tanto para buscar desenvolver suas próprias vidas, quanto para garantir que familiares que ficaram em seus países de origem fiquem bem e em segurança.
No caso das pessoas LGBT+, muitas almejam também maior liberdade e autonomia de viver sua orientação sexual e/ou identidade de gênero abertamente. Muitas das pessoas que chegam, inclusive, acham curiosa a forma como nosso país lida com sexualidade e gênero: a liberdade de ser quem é, em contraste com o preconceito.
O maior desafio para as pessoas refugiadas LGBT+ é a inserção na sociedade. Isso inclui a dificuldade de conseguir emprego – pela barreira linguística e por xenofobia – e o impacto cultural relacionado a hábitos, costumes, direitos e deveres.
Na Casa Miga, para enfrentar essas dificuldades, proporcionamos acesso a serviços de cidadania e direitos humanos, e também amparo social, psicológico, jurídico e médico. Além disso, apoiamos na capacitação profissional de quem acolhemos, de forma que essas pessoas possam conquistar – ou reconquistar – sua autonomia total.
É possível apoiar a Casa Miga com doações de alimentos, roupas, itens de higiene e limpeza e também por doações na seguinte conta:
ASSOCIACAO MANIFESTA LGBT+
CNPJ: 33.156.400/0001-40
Banco: Caixa Econômica (104)
Agência: 1457
Conta corrente: 00004180-0
Pra quem vive em Manaus, a participação ativa da comunidade nas atividades da Casa Miga e oferta de oportunidades de inserção no mercado de trabalho às pessoas acolhidas também são muito importantes.
Escrito por Felipe Attílio, voluntário da All Out no Brasil.